segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

Amores e Desamores

                                                     Amores e Desamores




  Estava aqui pensando sobre todos os tipos de amor que a gente vê hoje em dia. Aquele amor do dia-a-dia, que nos faz mais brigar do que se declarar. O amor que a gente aprende em casa, com os nossos pais, irmãos, primos, e mais um monte de gente que a gente já nasce amando, ama só de olhar. O amor que a gente desenvolve por pessoas que a gente conhece ao longo da vida, e que nos conquistam mais e mais a cada demonstração de amizade. E claro, o amor romântico, que tem o poder de transformar a vida de quem se apaixona. Mas o mais curioso dos amores, sem sombra de dúvidas, é o amor que a gente vê na internet.
  Na internet tudo é lindo, a vida é um arco-íris, tudo é perfeito, todo amor é eterno. Sim, as palavras “perfeito” e “eterno” ganharam novo significado. O eterno já não sobrevive a alguns meses. O que era perfeito, hoje já não é mais nada. As palavras não são mais pensadas antes de serem compartilhadas. São palavras jogadas ao vento, sem peso. É claro que o amor pode bagunçar a cabeça de quem ama, fazendo com que tudo pareça cor-de-rosa, lindo, maravilhoso, nada poderia estar melhor. Mas, acredito eu, tudo isso é uma tentativa desesperada de apenas parecer feliz, ou até mesmo de autoconvencimento de que a tal relação é realmente perfeita.
  Não é. Afinal, qual o sabor do amor senão de brigar por ele, tentar mantê-lo vivo, ou superar dificuldades e obstáculos todos os dias? Amor é a união de respeito mútuo, admiração, carinho, uma preocupação com o bem estar e felicidade do outro, e um outro ingrediente secreto que só existe no amor, mas que ninguém descobriu ainda o que é. Talvez um olhar que a gente não consiga desviar, talvez um sorriso que a gente não consiga esquecer. Uma conversa que a gente fica repetindo e repetindo sem parar na nossa cabeça antes de dormir. Uma pessoa que se torna o primeiro pensamento do dia de alguém.
  Amar é querer o melhor para a outra pessoa, mesmo que seja o pior pra gente. Não é dizer sim pra tudo. Nem dizer não. É o desejo de fazer feliz, bem misturadinho com o desejo de ajudar, mesmo aquela ajuda que o outro não quer, mas precisa. Quem ama respeita, defende, entende, protege. E faz tudo isso porque gosta, não porque deve. Se não gosta, é porque já não ama tanto. E sim, amor tem seus níveis, formas e tamanhos diferentes. Amor que faz o coração disparar. Amor que acalma e faz a gente dormir tranquilo. Amor que desespera, mas de um jeito bom. Amor de mãe, pai, irmão, sobrinho, que a gente ama tanto que é impossível medir. Amor que é insuportável (até pra gente). Amor que não vale a pena deixar crescer. Amor que só existe pra gente.  Amor que a gente não queria sentir, mas não consegue se desfazer. Amor que dura pra sempre, mas um sempre de verdade. Amor que a gente não consegue conter. Amor que a gente não tem certeza de que realmente o seja, mas que se parece bastante com amor. E, não tenha medo de pensar nisso, amor que acaba.
  O amor tem o direito de deixar de ser, porque ele não vem fácil, e se começamos a pensar que a briga já não vale mais a pena, apenas deixa de ser. Não é fácil se convencer que já não existe mais tanto afeto, tanto carinho quanto antes, e que aquilo que se pensava ser eterno deixou de fazer parte da nossa vida, se tornando apenas uma parte do passado. Mas isso acontece. Por isso é sempre prudente usar as palavras “perfeito” e “eterno” com toda a cautela possível. Amores vêm tanto quanto vão, às vezes vão com muito mais facilidade do que vêm. Assim, é muito mais seguro examinar se todos os ingredientes estão na receita, até mesmo o ingrediente secreto, antes de mergulhar fundo demais, antes de chamar de amor um simples friozinho na barriga.Porque amar pode machucar. E “desamar” é um pouco dolorido, e difícil de sarar.

  

*MaRi Rezk*