Todo o amor
Por que nos
refreamos tanto de dar todo o amor que temos?
Existe um grande
consenso de que devemos direcionar nosso amor e afeto apenas àqueles
que o retribuem à altura. Mas essa troca anda cada dia mais difícil,
já que é tão difícil de ver amor sendo distribuído por aí.
Também acredito
que pode ser muito frustrante demonstrar amor (de qualquer tipo) para
com quem não faz o mesmo por nós. É como se gastássemos um pouco
de nós, e não conseguíssemos recuperar o que foi gasto. Mas já
pensou se todos pensassem assim? Onde estaria o amor?
Um hábito
saudável que tento praticar (nem sempre com sucesso, atenção à
palavra “tento”) é, logo após cada momento de
Por-Que-Vou-Fazer-Isso-Se-Fulano-Não-Faria-O-Mesmo-Por-Mim, pensar
no Fulano (a), que como todo mundo no mundo merece consideração e
afeto, e porque o que eu quero demonstrar tem que ter a ver com o que
ele (a) demonstra por mim.
Por que mandar mensagem para aquela amiga se ela nunca me manda? Porque ela pode estar passando por uma fase difícil, pode estar numa correria tão grande que não tem tempo para bater papo, ou simplesmente ela tem tantos amigos que acaba falhando com alguns deles, o que não faz dela uma criminosa, nem mesmo uma má amiga.
Por que mandar mensagem para aquela amiga se ela nunca me manda? Porque ela pode estar passando por uma fase difícil, pode estar numa correria tão grande que não tem tempo para bater papo, ou simplesmente ela tem tantos amigos que acaba falhando com alguns deles, o que não faz dela uma criminosa, nem mesmo uma má amiga.
Mas... Ei! Se
VOCÊ lembra dela, VOCÊ deve mostrar que lembrou, que se importa e
que está com saudades! Pode ser que a gente descubra que ela estava
pensando tão mal de nós quanto somos ensinados a pensar sobre quem
não se manifesta por um tempo. Se essa troca de silêncios permanece
por muito tempo, pode ser que esse carinho pelo qual a amizade é
sustentada vai se acabando.
E mais: Por que a
generosidade sem esperar nada em troca é geralmente relacionada com
coisas materiais? Por que não ser generosos da mesma forma com o
nosso tempo, afeto e amor?
Somos ensinados
por aí que a coisa mais importante para nós deve ser nos sentir
amados.
“Só dê valor
àqueles que te procuram.”
“Se ame em
primeiro lugar, se valorize.”
“Não mendigue
atenção de ninguém.”
Uma coisa que
aprendi, e me esforço pra entender sempre (porque realmente não é
fácil, tamo junto) é que demonstrar que amamos alguém, que talvez
não nos nos ame o mesmo tanto, não é mendigar. Desde quando
devemos nos sentir satisfeitos com o que recebemos para então
retribuir na mesma medida?
Pode ser que tenha
alguém, talvez aí por perto mesmo, que esteja precisando de você,
só esperando alguém para resgatá-la de uma prisão (daquelas que
nos colocamos e não conseguimos sair sozinhos), e ser salva (às
vezes de si mesma).
Mas pode ser
(sendo realistas, sempre) que o seu gesto não seja retribuído, ou
até mesmo seja ignorado, desprezado. E tudo bem. A sua semente de
amor já saiu de suas mãos, e se vai brotar ou não, não está ao
seu alcance decidir. Mas a alegria de dar SEMPRE será maior que a de
receber. Sempre.
Também, se
necessário, não pense que uma correção deva vir antes. O amor
sempre deve vir antes (fato quase cientificamente comprovado). Nada
justifica uma palavra dura, num tom grosseiro, apenas para efeito de
correção (lembrando: sempre colocando em prática o verbo
“tentar”). E a bondade que demonstramos deve ser suficiente pro
outro, não pra nós mesmos.
Sendo realistas,
não é sempre que nos sentimos capazes de ser tão altruístas. Nem
mesmo penso dessa forma todo dia. Mas a minha versão mais sensata,
quando aparece, pensa assim (e eu procuro ouví-la sempre). Está na
hora de parar de sentir pena do nosso coração (até porque só nós
mesmos podemos fazer com que ele fique bem, mas isso é assunto pra
outra conversa), e mostrar pra ele que não é só pelo amor que
recebemos que ele deve bater.
* Mari Rezk *