segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

Amores e Desamores

                                                     Amores e Desamores




  Estava aqui pensando sobre todos os tipos de amor que a gente vê hoje em dia. Aquele amor do dia-a-dia, que nos faz mais brigar do que se declarar. O amor que a gente aprende em casa, com os nossos pais, irmãos, primos, e mais um monte de gente que a gente já nasce amando, ama só de olhar. O amor que a gente desenvolve por pessoas que a gente conhece ao longo da vida, e que nos conquistam mais e mais a cada demonstração de amizade. E claro, o amor romântico, que tem o poder de transformar a vida de quem se apaixona. Mas o mais curioso dos amores, sem sombra de dúvidas, é o amor que a gente vê na internet.
  Na internet tudo é lindo, a vida é um arco-íris, tudo é perfeito, todo amor é eterno. Sim, as palavras “perfeito” e “eterno” ganharam novo significado. O eterno já não sobrevive a alguns meses. O que era perfeito, hoje já não é mais nada. As palavras não são mais pensadas antes de serem compartilhadas. São palavras jogadas ao vento, sem peso. É claro que o amor pode bagunçar a cabeça de quem ama, fazendo com que tudo pareça cor-de-rosa, lindo, maravilhoso, nada poderia estar melhor. Mas, acredito eu, tudo isso é uma tentativa desesperada de apenas parecer feliz, ou até mesmo de autoconvencimento de que a tal relação é realmente perfeita.
  Não é. Afinal, qual o sabor do amor senão de brigar por ele, tentar mantê-lo vivo, ou superar dificuldades e obstáculos todos os dias? Amor é a união de respeito mútuo, admiração, carinho, uma preocupação com o bem estar e felicidade do outro, e um outro ingrediente secreto que só existe no amor, mas que ninguém descobriu ainda o que é. Talvez um olhar que a gente não consiga desviar, talvez um sorriso que a gente não consiga esquecer. Uma conversa que a gente fica repetindo e repetindo sem parar na nossa cabeça antes de dormir. Uma pessoa que se torna o primeiro pensamento do dia de alguém.
  Amar é querer o melhor para a outra pessoa, mesmo que seja o pior pra gente. Não é dizer sim pra tudo. Nem dizer não. É o desejo de fazer feliz, bem misturadinho com o desejo de ajudar, mesmo aquela ajuda que o outro não quer, mas precisa. Quem ama respeita, defende, entende, protege. E faz tudo isso porque gosta, não porque deve. Se não gosta, é porque já não ama tanto. E sim, amor tem seus níveis, formas e tamanhos diferentes. Amor que faz o coração disparar. Amor que acalma e faz a gente dormir tranquilo. Amor que desespera, mas de um jeito bom. Amor de mãe, pai, irmão, sobrinho, que a gente ama tanto que é impossível medir. Amor que é insuportável (até pra gente). Amor que não vale a pena deixar crescer. Amor que só existe pra gente.  Amor que a gente não queria sentir, mas não consegue se desfazer. Amor que dura pra sempre, mas um sempre de verdade. Amor que a gente não consegue conter. Amor que a gente não tem certeza de que realmente o seja, mas que se parece bastante com amor. E, não tenha medo de pensar nisso, amor que acaba.
  O amor tem o direito de deixar de ser, porque ele não vem fácil, e se começamos a pensar que a briga já não vale mais a pena, apenas deixa de ser. Não é fácil se convencer que já não existe mais tanto afeto, tanto carinho quanto antes, e que aquilo que se pensava ser eterno deixou de fazer parte da nossa vida, se tornando apenas uma parte do passado. Mas isso acontece. Por isso é sempre prudente usar as palavras “perfeito” e “eterno” com toda a cautela possível. Amores vêm tanto quanto vão, às vezes vão com muito mais facilidade do que vêm. Assim, é muito mais seguro examinar se todos os ingredientes estão na receita, até mesmo o ingrediente secreto, antes de mergulhar fundo demais, antes de chamar de amor um simples friozinho na barriga.Porque amar pode machucar. E “desamar” é um pouco dolorido, e difícil de sarar.

  

*MaRi Rezk*


segunda-feira, 12 de agosto de 2013

Tudo o Que Eu Quero

                                              Tudo o Que Eu Quero





  Eu quero tudo. Nada a menos que isso. Quero mais do que eu possa carregar nas duas mãos, mais do que eu possa enxergar sem precisar dar um passo pra trás.
  Não quero um amor que apenas ‘seja’. Quero um amor que não peça pra acontecer.
  Quero tudo o que eu não possa definir.
  Quero respirar sem sentir meu coração apertar, mas também quero ter o direito de perder o ar de vez em quando.
  Quero pular sem medo de me esborrachar no chão. Aliás, não quero mais medo.
  Eu quero que tudo o que eu imagine seja verdade, ainda que seja verdade só pra mim. E mesmo nos piores momentos, quero sorrir. Sempre.
  Quero mais amigos do que cabe em um abraço.
  Quero, afinal, tudo aquilo que não conseguirei. Ainda assim quero acreditar que posso tentar.
  Acima de tudo, quero o meu direito de querer qualquer coisa, mesmo que seja algo que normalmente não se quer. 


*MaRi Rezk*


terça-feira, 2 de julho de 2013

Ser Linda

                                                       Ser Linda




  Sempre ouvi dizer que beleza é relativa. E sempre concordei. Aliás, nada mais relativo que a beleza. Cada um a enxerga de um jeito. E a maioria das pessoas faz questão de buscá-la. Mulheres em especial tem uma pequena obsessão nesse sentido. E eu não sou uma exceção. Acho muito importante cuidar dos cabelos, da pele, do sorriso, investir em roupas, acessórios, maquiagem. É claro que envolve um grande gasto de tempo e dinheiro, mas vale a pena. Afinal, alta autoestima faz muito bem, em muitos aspectos da vida.
  Mas muitas pessoas tem um pensamento distorcido sobre a beleza. Muitos acreditam que ser bonita é tudo, e muitos procuram apenas a beleza exterior nas pessoas. Dão valor excessivo ao tipo errado de beleza. Estão presos ao que os seus olhos podem ver, e acham que isso já é o suficiente. Não penso assim. Acredito que a beleza exterior não sobrevive sem a interior.
  Dizer que a pessoa é ‘bonita por dentro’ não deveria servir de consolo, como acontece normalmente. Uma conversa atraente é mais importante do que uma aparência atraente. Convenhamos que ninguém acorda linda. Talvez a Gisele Bündchen acorde, mas isso não vem ao caso. Ninguém tem a aparência perfeita todo o tempo. É claro que a beleza física é um atrativo, e funciona nos primeiros momentos em que se conhece alguém, mas ela não mantém o interesse se não existir uma boa conversa, ideias criativas, senso de humor.
  Conheço pessoas lindas, que não dependem de um sorriso encantador, olhos marcantes ou de uma forma física invejável. E ainda assim são lindas. Lindas, mesmo de olhos fechados. Porque a beleza vai além do que podemos ver. Ser linda é mais.
  Ser linda não está só na cor dos olhos, mas no que o olhar diz. Ser linda não está só na cor ou no brilho dos cabelos, ou na forma como se movimentam ao vento, mas nas histórias que carregam, e nos pensamentos que os regam. Ser linda vai além de um sorriso largo de dentes brancos, é se contorcer numa risada sincera, sem medo de parecer ridícula.
  Vai além de atrair olhares. É arrancar risadas de quem nem te conhece.
  Ser linda é mais do que se sentir gorda ou magra demais, mas é continuar se amando e respeitando os próprios limites, estejam eles no 38 ou no 46. É acordar de manhã descabelada, com remela no olho e a cara de quem acabou de sair de uma briga, mas com a cabeça cheia de ideias para fazer o dia valer a pena. É se SENTIR linda, sem a necessidade de gritar aos quatro ventos. É QUERER ser linda, não para os outros, mas para si mesma. É se FAZER linda por suas ações, palavras e sentimentos. Acima de tudo, ser linda é, todos os dias, tornar lindo o dia de alguém.




*MaRi Rezk*


  

quarta-feira, 10 de abril de 2013

Sempre

                                                                Sempre




  Não quero palavras que flutuem e voem para longe com a brisa, um olhar doce porém passageiro, ou um gesto que sequer deixe marca. Quero um "sempre", de tudo que é bom.


       *MaRi Rezk*


quarta-feira, 20 de março de 2013

He And She

                                                          He And She





  Ela era feliz. Mas feliz de um jeito comum. Era uma menina, como meninas deviam ser: gostava de animaizinhos fofos, bebês sorridentes e livros de romance. E não tinha nada de especial, a não ser um certo brilho nos olhos, que lhe seria roubado algum dia.
  Ele era quase feliz. Talvez dramático demais para um garoto. Mas ainda era um garoto. Não tinha a aparência que gostaria, mas não ligava muito pra isso. E gostava de todas as coisas que garotos normais gostavam: futebol, música, videogames. Garotas.
  Ela era sonhadora, mas pouco enérgica. Mantinha quase sempre sua cabeça nas nuvens, mas sem deixar seus pés saírem do chão. Nunca se entregara a uma ilusão. Mantinha-se presa em sua realidade. Talvez por medo de tropeçar. Ou somente por receio de voar alto demais e não conseguir voltar para o chão.
  Ele se arriscava o tempo todo. Abusava de seu direito de sonhar. Voava e voava, sem se lembrar de como colocar os pés no chão. Gostava de testar seus limites, da emoção do novo. Mas sabia jogar com delicadeza quando necessário. Sabia usar as palavras, e não tinha medo de dar a entender ideias que, na verdade, eram ilusórias. Quando se tratava de garotas, principalmente. Não era dos mais corajosos para tomar a iniciativa, mas sua dificuldade parava no primeiro passo. Depois disso, abusava do poder de suas doces palavras.
  Ela tinha pouco tempo livre, curto demais para olhar para os lados. Quase nunca mal-humorada, sorria quase o tempo todo, para quem quer que aparecesse, mesmo sem qualquer motivo para isso.
  Ele ria sempre que surgia a oportunidade. Era tímido apenas no primeiro momento. E não deixava escapar de seu olhar qualquer detalhe a sua volta. Uma palavra, um gesto, uma pessoa.
  E no meio da sua pressa de todo dia, num dia qualquer, ela desviou seu olhar por alguns segundos. Foi o suficiente. Nesse repentino desvio, seus olhos encontraram os dele. E não teve mais volta. Pararam alguns segundos, como se estivessem sendo atraídos por um imã. Ela, sem saber muito bem como reagir, tentou focar-se em outras coisas. Não precisava desse tipo de preocupação em sua vida agora. Mas por mais que ela quisesse desviar sua atenção, o olhar dele puxava o seu.
  Ele não se preocupou em evitar. Gostava de sentir cada uma das sensações que momentos como esse lhe proporcionavam. E esse momento em especial havia mexido com ele de forma diferente. Ele era do tipo que se deixava envolver por sentimentos mais fortes. E aquela situação não o intimidava. Depois de alguns minutos, reuniu toda coragem que conseguiu e foi até ela. À medida que se aproximava sentiu-se enfraquecer. A simples imagem dela cada vez mais próxima o apavorava. Mas, ao mesmo tempo, aumentava sua vontade de olhar naqueles olhos brilhantes mais de perto.
  Chegou até ela e falou o que conseguiu. Ela tentou não deixar-se envolver tanto, mas o tímido sorriso escapando pelo canto de sua boca não a deixava mentir. Não resistiu muito tempo. Tornara-se um caminho sem volta.
  Em alguns minutos já conversavam como se já se conhecessem. As palavras saíam de suas bocas e dançavam no ar, com uma harmonia maior do que de muitos casais de longa data. A conexão era óbvia, e gritante.
  Ela baixou a guarda. Seu coração abriu-se a esses novos sentimentos. E as fortes sensações do primeiro olhar fortaleciam-se a cada dia. Já não enxergava muito bem, era quase incapaz de ouvir qualquer outra coisa. Mal pensava.
  Ele lhe dedicava as mais belas palavras, os mais carinhosos abraços, e toda a afeição que ela desejava. Completavam-se de muitas maneiras. Não em todos os aspectos necessários, mas não enxergavam isso. Viviam o momento, de olhos fechados, flutuando.
  Ela permitiu-se. Seu coração mantinha-se aberto. Aquele antigo brilho nos olhos que a tornavam especial contagiaram todo o seu corpo, e iluminava por onde quer que passasse.
  Ele, ao notar que a tinha convencido mais do que a si mesmo, sentiu-se no controle. Percebeu que o sentimento que ela desenvolvera por ele governava sua vida, tornando-a vulnerável. Mas nem de longe causava o mesmo efeito nele. Pelo menos não mais. Ele voltara a lucidez rapidamente.
  Ele era acostumado a deixar-se levar pelo momento, a entregar-se aos poucos minutos que lhe proporcionavam fortes sensações. Mas raramente deixava-se influenciar além desses momentos. Mantinha sua caixinha de sentimentos sinceros muito bem fechada. Não por medo, mas talvez por segurança. Gostava da lucidez.
  E aquele poder que exercia sobre ela subiu-lhe a cabeça. E sentiu-se no direito de usá-lo, de dizer o que quisesse, de manipulá-la. Ele lhe prometeu mil estrelas do céu. Porém, nem seu coração era capaz de dar. Ela aceitou as mil. Mas as duas estrelas nos olhos dele já lhe eram suficientes.
  Para ela, tudo o que estava sentindo por aquele garoto lhe preenchia. Ela tinha dúvidas, mas não o suficiente para acordá-la. Às vezes ultrapassava seus próprios limites, mas sem se dar conta disso.
  Ele, cada vez mais ciente de seu poder sobre ela, passou a ficar entediado. Não se sentia mais tão vivo. Seu coração já não batia tão forte. Ela já não o atraía tanto quanto no primeiro momento. E depois de tanto tempo vivendo aquela mesma história, ele percebeu que queria voar de novo. Precisava.
  E voou. Sem dizer porquê. Apenas desapareceu. Cansou-se da garota, e ainda que gostasse dela, não a amava. Não aguentou sentir-se preso aos sentimentos dela, ainda mais porque não os sentia. E voou.
  Ela, sem saber muito bem como tudo havia acontecido, sentiu seu coração se partir, sem saber se um dia conseguiria juntar os pedaços. Ela o havia entregado àquele garoto, sem ao menos se questionar mais de uma vez. E reconheceu que fizera isso por ser ainda uma garota, não uma mulher, da mesma forma que ele havia agido como um garoto, não como um homem. Sofreu, miseravelmente. Por muito tempo não conseguia compreender tudo aquilo, e achava que nunca se recuperaria.
  Ele levara todo o seu brilho embora. Por algum tempo ela vagueou, apagada. Recolheu seus pedaços, e prometeu nunca mais sofrer dessa maneira.
  Mas, com o passar dos dias, ela entendeu que toda tragédia desse tipo servia como lição. E cada lágrima derramada a havia feito crescer.
  E ele aprendeu que na próxima história os papéis poderiam se inverter, e poderia ser ele sofrendo miseravelmente, como de fato aconteceu, depois de um bater de asas que não era o dele.
  Aos poucos ela se recuperou, compreendeu sua lição, e decidiu ser mais forte. O que não a impediu de cometer os mesmos erros, várias vezes.
  Ele continuou voando, e ela continuou se iludindo, até deixarem de ser um garoto e uma garota.


*MaRi Rezk*



segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

O Monstro

                                                     O Monstro



       
  Nas histórias infantis o monstro geralmente é o personagem mais temido. Mau e assustador, é ele quem todos desejam ver derrotado no final da história. Costuma ser feio, grande, mal humorado, e está sempre disposto a arruinar finais felizes. Raramente consegue admiradores. Quase sempre tem finais trágicos, pois só assim os demais personagens conseguem seus finais felizes.
  Na vida real eles também existem. Em forma de pessoas, é claro. Algumas pessoas acabam sendo classificadas como monstros, pois agem como tais. Geralmente são frias, maldosas, egoístas, e só se importam com seus próprios finais felizes. Não têm escrúpulos ao enganar as pessoas, ou ferir seus sentimentos. Conseguimos classificá-las como tais, em geral, facilmente.
  Mas nem sempre nosso julgamento é justo. Porque nem toda pessoa que encaramos como monstro, é de fato. E ainda que seja um monstro, talvez tenha sido forçado a ser. Na vida real, existem monstros que só os são por tentar fazer a coisa certa.
  Relacionamentos são complicados. Todos eles. E nem sempre o que um quer, é o melhor pro outro. A todo momento pessoas entram e saem da nossa vida. E assim como algumas delas nos machucam, algumas saem machucadas. Em certas situações, somos obrigados a fazer o papel de monstros.
  Nem sempre o monstro é o vilão da história. Muitas vezes é preciso ser, para não dar falsas esperanças, ou mesmo para proteger nosso coração. Em alguns casos, o monstro acaba sendo o herói. Se faz necessário agir como tal, apenas para não dar a impressão errada, a fim de não iludir. Outras vezes, é preciso lutar contra os próprios desejos, para não ter nosso coração (ainda mais) despedaçado.
  Ser o monstro é ter que ferir os sentimentos de alguém para evitar uma relação que não seja saudável, e assim preservar os seus próprios. É ser frio com as palavras, ainda que se queira aquecer com um abraço. É evitar, por maior que seja a vontade de estar perto. É manter-se firme, ainda que esteja desabando. É calar o coração, apenas para protegê-lo.
  Muitas vezes somos vistos como monstros. Mas nem sempre é uma coisa ruim. Pode ser que seja o melhor que possamos fazer. E por mais que doa ferir os sentimentos de outros, às vezes é a única maneira. Não se torture quando precisar agir como um monstro. E se precisar, que seja para evitar um final ainda mais desastroso. Pior que um final infeliz, é um final terrivelmente infeliz.

                                *MaRi Rezk*



terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Esquecer

                                                       Esquecer





  Às vezes bate um desespero, uma falta de ar, uma vontade quase incontrolável de se sentir segura dentro de um abraço apertado, de quem quer que seja.
  Os milhares de sentimentos se misturam, se confundem, me desesperam. Chocolate ajuda, mas às vezes nem ele.
  Antigos sentimentos pesam, por mais que eu tente me livrar deles. E ainda que me livre, paro no tempo, estacionada, sem nada, me forçando a destruir cada lembrança que insiste em me perturbar.
  Mas é inevitável que certas sensações nos façam uma falta sufocante, e as lembranças dessas antigas sensações me fazem querer correr, sem destino ou objetivo. Apenas correr, para chegar a lugar nenhum, ou nem chegar.
  Mas o desejo que predomina é o de voltar no tempo, tentar consertar, ou mesmo recomeçar. Mas é inútil. Inútil até mesmo pensar a respeito.
  E deixar tudo de lado não é uma simples escolha nossa. Não é algo que basta apenas decidir, e acontece. É necessário uma força além do normal. Esquecer é uma luta diária, é um querer além do poder. É um fugir e fugir, até se perder de cada lembrança dolorosa.
  E seguir em frente. Começar algo novo. Se jogar no que ainda não conhece, mas não de cabeça. Tomando o devido cuidado para não precisar recomeçar do zero mais tarde, de novo.
  E não olhar para trás. Não parar para pensar no que tanto quis esquecer. Ainda que seja uma reação automática, às vezes faz-se necessário lutar contra isso.
  E mudar. Arrancar uma lição de tudo o que sofreu, e usá-la. Transformar-se.
  Deixar os antigos medos para trás, e deixar que seus novos medos te ensinem novas lições.
  Por que não há nada, nada melhor do que o novo. Nada melhor do que enxergar a vida com novos olhos, livres de mágoas, nada melhor do que estar disposto a seguir em frente, e sempre em frente.

*MaRi Rezk*


segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Momentos

                                                    Momentos





  Felicidade é a soma de inúmeros momentos marcantes, momentos de largos sorrisos, de lágrimas emocionadas, de sentimentos tão intensos que são impossíveis de se conter, de emoções tão poderosas que são capazes de eternizar um momento, e torná-lo parte de uma imensurável felicidade.


*MaRi Rezk*


quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

Longe de Você

                                                    Longe de Você





  Você não sabe exatamente o quanto algo faz falta, até realmente fazer. Foi assim que sempre funcionou pra mim. Como se aquele instante perfeito viesse me cobrar, tempos depois, o porquê de eu não tê-lo aproveitado mais. E cada um dos instantes perfeitos que vivi vem me cobrar. Nenhum deles irá voltar, não podem ser revividos. Deixaram um buraquinho impreenchível. Tomam a forma de saudade. Não uma saudade que se possa matar, mas que só sabe doer.
  O mesmo acontece com algumas pessoas. Elas passam pela nossa vida e preenchem um espaço importante nela. Mas quando se vão, deixam um vazio. E esse vazio às vezes se torna uma ferida. E sentimos que aquela pessoa nunca mais fará parte da nossa vida.
  E existe também a saudade de pessoas que estão por perto. Ainda que a pessoa não tenha partido, sentimos falta de como ela era. Ou até mesmo, temos saudade de uma pessoa próxima, que simplesmente deixa de participar da nossa vida. Essas saudades são doloridas, e latejam com mais frequência. E na maioria das vezes não depende de nós sará-las. Muitas vezes só nos cabe aprender a conviver com elas, e, se tivermos sorte, conseguir superá-las um dia.
  Saudade desperta sentimentos antigos, e cria novos. É quando um sentimento se recusa a ir embora, ainda que queiramos nos livrar dele.
  Existem aquelas saudades bem particulares. De uma risada engraçada de um velho amigo. De um olhar específico daquela amiga louca do colegial.
  Saudade daquele macarrão que só a minha avó sabia fazer. Saudade dos melhores amigos da infância, com quem eu inventava mil brincadeiras, me machucava, brigava, mas que no fim do dia ainda eram tão amigos quanto no começo.
  Saudade das madrugadas de desabafos, risos contidos, de conversas banais e filosofias de vida. Ah! E de muito chocolate.
  Saudade de sabores, cheiros, paisagens, que me davam a sensação de que tudo estava no seu devido lugar. Saudade daquela pessoa que, de alguma forma, tornava as estrelas mais brilhantes. E ainda mais saudades das cores com que essa pessoa coloria o meu mundo.
  Saudade de amigos que me faziam rir com as maiores bobagens do mundo. E das conversas que pareciam nunca ter fim. Saudade de outras rotinas, outros sentimentos e de antigas determinações.
  Saudade de como eu era, das velhas ideias, antigas maluquices. De não precisar me preocupar, nem mesmo em ter saudade.
  Saudade de pessoas com quem eu convivia todos os dias, e que só percebi a falta que faziam quando só podia vê-los uma vez por ano. Saudade das minhas antigas preocupações, que hoje parecem tão pequenas. Saudade de pessoas que jamais terei de volta, de lugares para os quais jamais retornarei, das sensações que não mais terei.
  Saudade dói, às vezes uma dor gostosa de sentir. Nos faz reviver mentalmente momentos e pessoas que nos fizeram tão felizes que, quando já não os tínhamos mais, sentimos um vazio no peito.
  E outras vezes a saudade dói como uma facada, e, como uma feria aberta, nos faz sofrer. Podemos não ser capazes de superá-la, e nos resta lidar com a dor.
  Saudade pode vir em forma de vontade. Saudade do que há por vir, do que ainda não aconteceu, mas que idealizamos de forma tão vívida que nos preenche, e quando percebemos que ainda não o temos, nos esvazia.
  Está num olhar, num gesto, num andar, numa música. Nos faz querer voltar no tempo. Dá a sensação de que certos momentos deveriam ser eternos. Por alguns minutos nos desliga do presente, e nos transporta para um passado que nunca quisemos deixar pra trás.
  Saudade é um sentimento bem bonito. Exceto quando nos faz fazer coisas absurdamente estúpidas, que você jamais faria se não estivesse com um sentimento tão desesperado, tão urgente, quanto a saudade pode ser às vezes.
  Não é um sentimento fácil. Nem sempre vamos nos acostumar com ele. Mas é certo que todos nós o temos, e um dia esse sentimento irá nos cobrar uma ação. A felicidade de certos momentos, com certas pessoas, não podemos ter de volta. Mas nem toda saudade é permanente. Muitas vezes ela só sobrevive pois nos falta uma iniciativa. Que tal tomar uma atitude. Que tal matar uma saudade hoje?


*MaRi Rezk*



terça-feira, 1 de janeiro de 2013

Arrumando as Malas...

                                        Arrumando as Malas...




  Todo ano é a mesma coisa. Despejo todas as coisas na cama, sem saber ao certo o que levar na mala.
  Sempre levo comigo as novas ideias, mesmo sem ter certeza se vou ou não usar todas. 

  Deixo para trás as más experiencias. Prefiro levar apenas as lições que aprendi delas.
  Deixo de fora da minha bagagem todas as decepções. Afinal, irei adquirir novas ao longo do caminho.
  Levarei os sorrisos, as risadas altas, os amigos que me fizeram rir, e os que estavam comigo quando rir era a última coisa que eu conseguia fazer.
  Levarei as boas histórias, e os dias que valeram por meses.
  E deixarei bastante espaço vazio na mala, para que caiba tudo de novo que eu ainda espero.


            *MaRi Rezk*