Amadurecer
18 anos. Não é uma idade fácil. Muitas coisas mudam, em muitos aspectos. Tudo é
diferente, novo. E sabe o que mais muda no final das contas? O seu olhar. Sim, o
olhar. Antes muitas coisas que nem tinham muita importância causavam uma
revolução na cabeça (e no estômago, diga-se de passagem…). A cada mínimo detalhe
era dada uma importância enorme. O que tal pessoa acha de você, uma conversa de
msn, um garoto que te olhou diferente, um bilhetinho no meio da aula, tudo era
motivo para euforia, por mais banal que fosse. Mas isso não era nem de longe o
pior. O pior era se apaixonar. E, quer admita, quer não, aconteceu com todo
mundo. E sabe o que mais? Foi horrível. É claro que se apaixonar pode acontecer
com todo mundo, independentemente da idade. Mas ainda pior é quando você está
lá, no meio de ansiedades, de confusões, pensando no seu futuro, no seu
presente, pessoas entrando e saindo da sua vida feito brisa, milhares de
incertezas, alegrias, decepções, e aí de repente…BAM! Aconteceu!
O curioso é que, ao mesmo tempo é a
melhor e a pior coisa do mundo. Melhor porque, no início, é uma ansiedade
gostosa de sentir, esperar pelo mínimo sinal de atenção da pessoa, sorrisos que
aparecem no seu rosto do nada. Mas quando as coisas começam a não dar certo,
torna-se a pior coisa do mundo. Chega muitas vezes a doer. E não é simplesmente
uma dor ilustrativa. É literal! Em alguns casos chega a ser doentio. Não estou
tentando assustar, nem ser negativa. A maioria das pessoas ao retratar
paixonites na adolescência usam expressões delicadas e românticas, como se fosse
um mar de rosas. Mas eu uso a palavra “doentio”. Sim porque nós, pessoas normais
que vivemos a realidade, sabemos que não é assim. Nós sofremos. Principalmente
se resolvermos seguir aquela velha regra. Sim, você sabe qual é. A regra do
‘cara errado’. O pior é que é quase sempre o cara errado, que nunca vai gostar
de você de verdade, mas que não teria o menor pudor de te fazer gostar dele,
para que ele tirasse algum proveito disso, e te dispensasse outra vez. Mas tudo
bem, é a adolescência. Isso tem que acontecer. Mas, quer saber? Não tem como
controlar as emoções para não sentir nada. Impossível. E quando nos damos conta,
sempre é tarde. E aí você tenta se consolar com outra amiga que passou pela
mesma coisa, e ela diz : “Você vai encontrar alguém que te mereça.” Mas quando
(e se…) você encontrar alguém que te mereça, você não vai gostar dele. E sabe
por quê? Porque ele não te fez sofrer, não te fez chorar, nem se passar por
ridícula imploradora de atenção, e não te fez pensar nele. E se essas coisas não
acontecem, é muito difícil você gostar. E assim você passa os melhores anos da
sua vida.
Mas então voltamos lá no começo, na
história dos 18 anos e do seu novo olhar. Quando você passa a fase crítica e
passa a ver tudo de forma diferente. Por um lado você deseja que tudo dê certo
pra você, pois já enxerga o que é o melhor. Por outro lado, as antigas
ansiedades dão lugar a novas, ansiedade para viver boas experiências, para
escolher o que te faz bem, e fazer com que aconteça. Afinal você cresceu, já
passou por muitas coisas, e agora já tem mais responsabilidade para fazer
escolhas que não te machuquem. Mas amadurecer não é algo fácil de se definir.
Talvez seja lidar com a vida sem enlouquecer. Ou talvez não gostar de um cara
totalmente imbecil. Não querer vomitar só porque ele não aparece. Não querer
morrer só porque ele não liga. Talvez seja simplesmente enxergar que nunca daria
certo, e tentar fazer com que dê certo com outra pessoa. Alguém que
mereça.
Mas pode ser que não seja nada disso.
Amadurecer, quero dizer. Talvez seja diferente para cada um. Mas o mais
importante é que aprendamos a lidar com nossas ansiedades e necessidades, e
tentar conciliá-las com coisas que nos façam bem. E cabe a cada um saber lidar
consigo mesmo. Mas leva tempo. Temos que ter paciência. Não é algo que seja
necessariamente natural, que aconteça sozinho, sem percebermos. Temos que saber
fazer com que essa diferença apareça. Saber aprender com a própria vida, e
seguir em frente. E quem sabe um dia consigamos fazer com que tudo dê certo. Ou
pelo menos parte de tudo.
*MaRi Rezk*
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